A educação no mundo globalizado
A educação como estratégia decisiva para o desafio do mundo globalizado, por Nicolau Sevcenko
O curso das mudanças nos últimos vinte anos foi tal que transformou completamente o panorama do mundo em todos os níveis, escalas e padrões. É mais do que óbvio portanto, que as agendas educacionais precisam ser atualizadas. Mas em que sentido, com quais conteúdos, para que fins? A necessidade da mudança é mais clara do que seu escopo. E no entanto, a oportunidade é ótima para se fazer um balanço do que tem significado a experiência educacional neste novo contexto.
O ponto de partida para essa reflexão pode ser a evidência, posta em destaque primeiro pelo Japão, depois pelos Tigres Asiáticos, de que a educação é o fator decisivo para impulsionar o desenvolvimento econômico. Hoje em dia quem ignora esse fato está fadado à marginalização, à obsolescência e à degradação entrópica. Daí a preocupação de realocar investimentos, modernizar, replanejar, racionalizar custos e equipar as unidades de ensino. Uma parte desse esforço vem consistindo em dotar as escolas, em todos os níveis, com recursos de TV, vídeo e computadores. Outra parte se baseia justamente em associar o ensino às transformações tecnológicas e por esse viés, inserir os alunos no contexto mais amplo do processo de globalização. A impressão geral portanto, é que parece que modernização, racionalização, informatização, globalização se tornaram os vértices de uma nova e completa reconfiguração das práticas educativas. Não necessariamente. Essa ênfase nos aspectos administrativos, orçamentários, materiais e técnicos, lembra uma imagem de Wittgenstein, a dos alunos que são treinados para, toda vez que o professor aponta alguma coisa, olharem não na direção que ele indica, mas para o seu dedo.
Para esse filósofo, que era também professor, a essência da prática educativa estava centrada na sua relação com os alunos. Via o objetivo do processo educacional como sendo o de