A EDUCAÇÃO MORAL EM ÉMILE DURKHEIM
Nesse texto iremos analisar o pensamento pedagógico de Emile Durkheim, focando a influência exercida pelo meio social na educação. Nosso intento aqui é compreender a percepção do referido sociólogo acerca das turbulências sociais observadas em sua época e o lugar ocupado pela escola (e pelo mestre) no sentido de inserir uma moralidade mais adequada às demandas da sociedade moderna. Para tanto, partiremos dos conceitos de “educação” e de “socialização” desenvolvidos pelo autor, haja vista que, ao longo de seus trabalhos, o autor procurou aproximá-los, tomando-os, por vezes, como sinônimo.
A educação é apresentada como elemento mediador que prepara as gerações mais jovens para a vida social, garantindo a continuidade da vida coletiva. É a educação a responsável por transmitir o legado cultural construído ao longo dos séculos e inserir as novas gerações no bojo da vida coletiva. Se a ação que exercem as gerações adultas sobre as mais jovens tem variado no tempo e espaço é porque não existe uma educação perfeita ou ideal, como pretendem os modelos idealistas.
A educação é um fato social e como tal deve ser estudado. Trata-se de um fenômeno produzido pela vida coletiva, ou seja, de uma realidade social organizada ao longo dos séculos, caracterizada por um conjunto de práticas e instituições. Tal concepção pressupõe um relativismo cultural, já que os sistemas educacionais variam no tempo e espaço, embora não desconsidere a existência de um contínuo diálogo entre passado e presente. Mas apesar do caráter histórico e mutável dessa influência, Durkheim afirma não existir, ao longo do tempo, sistema educativo que não apresente um duplo aspecto necessário à própria manutenção social: o de ser múltiplo e uno. Se, por um lado, existem tantas espécies de educação quanto meios sociais, por outro, todos os sistemas educativos difundem certos ideais e sentimentos comuns a todos os grupos sociais.
Durkheim parte da noção de dualidade do ser