A educação linguística no Brasil.
Marcos Bagno
UnB
Egon de Oliveira Rangel
PUC-SP
Com base no conceito de “educação lingüística”, os autores discutem a necessidade de atender às demandas sociais por essa educação lingüística e definem as áreas de reflexão e atuação mais importantes para a implementação de uma política de educação lingüística no Brasil.
Based on the concept of “linguistic education”, the authors debate the need of responding to the social demands for this linguistic education and define the most important areas of reflection and action for the implementation of a politics of linguistic education in Brazil.
Introdução
Entendemos por educação lingüística o conjunto de fatores socioculturais que, durante toda a existência de um indivíduo, lhe possibilitam adquirir, desenvolver e ampliar o conhecimento de/sobre sua língua materna, de/sobre outras línguas, sobre a linguagem de um modo mais geral e sobre todos os demais sistemas semióticos. Desses saberes, evidentemente, também fazem parte as crenças, superstições, representações, mitos e preconceitos que circulam na sociedade em torno da língua/linguagem e que compõem o que se poderia chamar de imaginário lingüístico ou, sob outra ótica, de ideologia lingüística.
Inclui-se também na educação lingüística o aprendizado das normas de comportamento lingüístico que regem a vida dos diversos grupos sociais, cada vez mais amplos e variados, em que o indivíduo vai ser chamado a se inserir.
1 O título deste artigo inspira-se diretamente num outro, de Aryon D. Rodrigues,
“Tarefas da Lingüística no Brasil”, publicado em1967, e ainda hoje atual – o que certamente ilustra nossa dificuldade empropor as questões de língua e linguagem como questões relativas a uma política lingüística.
Rev. Brasileira de Lingüística Aplicada, 64 v. 5, n. 1, 2005
Dentro de nossa perspectiva, portanto, é possível dizer que a educação lingüística de cada indivíduo começa logo no início