A educação física escolar no brasil
Giovani De Lorenzi Pires[2]
1. Introdução
O estudo da história se manifesta, via de regra, como algo enfadonho, uma autêntica “decoreba” de fatos, nomes e datas, percebidos de forma esparsa, sem nexos. Esta compreensão de história não permite o entendimento dos “porquês”, uma vez que concebe os fenômenos como pré-determinados, descontextualizados, acontecidos quase que por geração espontânea. É necessária, entretanto, uma concepção de história como “interpretação da ação humana transformadora no tempo” (ARANHA, 1989), destacando: a) ação humana enquanto condição resultante das relações sociais; b) ação transformadora pelo trabalho, unidade dialética entre o pensar e o agir (práxis). Nesta concepção histórica, o tempo extrapola à simples cronologia e adquire um caráter interpretativo do passado para a compreensão do presente, na busca de superação daquilo que Aranha (op. cit.) denomina naturalização, isto é, de que “as coisas são assim porque têm que ser, sempre foram assim...”. Para breve resumo histórico, baseamo-nos em Lino Castellani Filho (1988), Carmen Lúcia Soares (1990), Mauro Betti (1991) e Paulo Ghirardelli Jr. (1988). Quanto aos aspectos normativos (leis e decretos), encontramos em Inezil Pena Marinho (1980) e Jayr Jordão Ramos (1983) importantes informações que, embora descontextualizadas, contribuem para a compreensão de fatos passados cujos reflexos ainda são percebidos na atual Educação Física escolar. Para efeitos meramente didáticos, têm-se procedido dividir os poucos mais de cem anos de história da Educação Física brasileira em períodos, dando-se a eles denominações decorrentes do ideário hegemônico em cada período. Também nós adotamos tal recurso. Necessário, porém, se faz esclarecer que estes períodos não são estanques, com princípio e fim definidos, assim como a presença de características predominantes num determinado momento não