A Década Perdida
1. INTRODUÇÃO
Os anos de 1980 foram marcados na história recente do Brasil como “a Década Perdida”, onde a crise econômica ocorrida na época foi um entrave ao desenvolvimento do país.
A Década perdida foi resultado do esgotamento do modelo de desenvolvimento econômico que o Brasil teve durante os 30 anos anteriores. O grande endividamento estatal caracterizado nos anos 50 e 60 e o grande intervencionismo estatal dos anos 70 adotado pelos governos militares, culminaram com a hiperinflação e a necessidade de ajustes drásticos e em tentativas sucessivas de acabar com o “dragão” da inflação.
Como conseqüência disso, a luta para conter a inflação neste período foi intensa. Primeiramente, foi visto que a crise estava presente em quase todos os países latino-americanos. Desta forma, os bancos credores, aos quais haviam emprestado dinheiro ao Brasil, começaram a pressionar para que se tomassem medidas a fim de conter a inflação no país. O Brasil tomou inicialmente medidas ortodoxas (contidas no relatório do Fundo Monetário Internacional) para conter a inflação. Contudo, estas medidas não foram suficientes, e assim, a situação econômica do Brasil piorava. Houve a implantação de novos planos econômicos e tomada de medidas heterodoxas, porém, nada conteve a inflação até a implantação do Plano Real, em 1990.
Políticas recessivas, arrochos salariais, desemprego e o fantasma da inflação eram fatores que reduziam o poder de compra do brasileiro e contribuíam para acelerar o processo de concentração de renda. Mas a década conhecida por esses desafios é pouco lembrada como aquela em que a revitalização política contribuiu definitivamente para a transição e consolidação do regime democrático.
Na perspectiva discutida no livro História de uma década quase perdida – PT, CUT, crise e democracia no Brasil: 1979-1989, do historiador Gelsom Rozentino de Almeida, “a década de 1980 não foi perdida porque nela ocorreram lutas políticas fundamentais para a conquista