A diversidade eclesiologica
Escrito por Carlos Eduardo B. Calvan
Introdução
Geralmente os discursos em prol de da unidade teológica na Comunhão Anglicana e em outras igrejas se baseiam em um equívoco criado por uma leitura superficial da Bíblia que não se aprofunda em questões históricas, por medo ou incompetência. Unidade doutrinária é algo desconhecido do Novo Testamento. Por isso, melhor seria falar sempre em “teologias do Novo Testamento” (no plural), ao invés de em uma única teologia. Desse modo, as tentativas de legitimar interpretações teológicas particulares de um determinado grupo cristão a partir da totalidade dos escritos bíblicos está, de início, prejudicada e fadada ao fracasso e só encontrará ressonância em comunidades com tendências fundamentalistas ou que praticam leituras superficiais das sagradas escrituras.
O texto de Raymond Brown que estudamos no encontro de eclesiologia promovido pelo CEA traz, na sua introdução algumas pinceladas a respeito da diversidade na era sub-apostólica do NT. Fala, por exemplo, que “provavelmente a cidade de Éfeso tinha diferentes igrejas com diferentes teologias” e mostra sensíveis diferenças entre a teologia de algumas comunidades com o objetivo de “reconstruir as situações comunitárias detectáveis nos textos perguntando pela ênfase maior que distinguia tais comunidades”. Embora se concentre na questão eclesiológica, o texto lança luzes para compreendermos que havia também compreensões diversas a respeito de Jesus, bem como da ética e da espiritualidade.
Não sou especialista em Bíblia, mas gosto de estudar um pouco o que os biblistas pesquisam atualmente e pretendo oferecer um pequeno panorama dessa diversidade no NT trazendo algumas provocações mais centradas na eclesiologia para nossa discussão.
Tentativas de compreender o desenvolvimento do Cristianismo primitivo
No século XIX a escola de Tübingen iniciou a tentativa de compreender a multiplicidade do Novo