A ditadura civil-militar em tempo de radicalização e barbárie (1968-1974)
A ditadura civil-militar em tempo de radicalização e barbárie (1968-1974)
(Publicado em: Rollemberg, Denise . “A ditadura civil-militar em tempo de radicalizações e barbárie. 1968-1974.” Francisco Carlos Palomanes Martinho (org.). Democracia e ditadura no Brasil. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2006, pp. 141-152).
Denise Rollemberg
"Foi um Natal de cão, em 1968, planejamos uma grande panfletagem do
Resistência1. Era um número especial do AI-5, com um editorial explicando sumariamente suas causas. (...). Foi um Natal de cão, em 1968. Havia muita gente presa, um corre-corre geral e os indícios de resistência eram quase nulos. Haviam dado um golpe num momento exato, quando o nível de mobilização era o mais baixo possível.
E haviam dado o golpe no fim de ano, aproveitando a confusão das festas, compras de
Natal e férias. (...)
"O povo mesmo não parecia ter sido tocado pelo AI-5. A vida corria seu curso normal. (...) Nós ali, engarrafados com uma partida de um jornal clandestino, gente fugindo de casa, limpando suas estantes de livros suspeitos; e, nas ruas, as compras, a permanente trama sentimental, presentinhos daqui, presentinhos de lá, onde é que vou comprar o pernil, cuidado com os pivetes, procura fechar a bolsa". Fernando Gabeira.2
Em 13 de dezembro de 1968, o general Costa e Silva decretou o AI-5. Dentre os vários atos institucionais editados desde o momento do golpe de Estado de 1º de abril de
1964, este é o mais lembrado, um símbolo do regime, síntese da arbitrariedade e da violação dos direitos civis que caracterizaram a ditadura. O AI-5 também é lembrado como divisor de águas: a partir de então os militares definiam-se, optavam pela permanência no poder por tempo indefinido, frustrando, inclusive, políticos civis que os haviam apoiado na expectativa da retomada da via institucional, após as cassações dos trabalhistas, socialistas, comunistas, nacionalistas e liberais partidários das reformas. O golpe dentro do golpe,
expressão