A distinção entre o sofista e o filósofo no diálogo Protágoras
Através da figura de Sócrates, Platão aborda ao longo de suas obras determinadas temáticas do pensamento grego. A figura do filósofo é mostrada sob uma nova perspectiva nos diálogos Górgias e Protágoras. Apesar de ainda presente, na República Sócrates não é mais a figura protagonista de Platão, que se distancia do filósofo e começa a propor suas próprias teorias, como a teoria das formas, da alma tripartida, imortalidade da alma e a teoria política propriamente dita.
Em Protágoras ele apresenta o embate entre filósofos e sofistas, retratando um diálogo entre Sócrates - representante da figura filosófica - e Protágoras, sofista. Logo no início da discussão, organizada por Hipócrates, Sócrates contesta as ideias de Protágoras, pois se nega a concordar que a virtude é um valor que pode ser ensinado. A figura de Hipócrates é importante pois representa a juventude ateniense, ávida por aprender novos valores com seus pensadores. Sócrates também vê com maus olhos o estilo de vida de Protágoras, o que define no diálogo um ponto importante que diferencia os sofistas dos filósofos. Os sofistas eram conhecidos por sua vida luxuosa, pois lucravam vendendo sua sabedoria, fazendo do conhecimento um produto, enquanto filósofos como Sócrates tinham um custo de vida muito baixo e executavam sua profissão pelas ruas, sem cobrar nada por seus ensinamentos.
Pelo que define o diálogo, a arte sofista se aproxima mais da musica e da poesia, do que com a filosofia – as primeiras apelavam para o enfeitiçamento pelo prazer e pela inspiração divina (enthysiasmos), enquanto a filosofia deveria ser praticada pela razão e pelos discursos (lógos). Sócrates não nega a existência da retórica, apenas nega o seu valor, a retórica pra ele não é uma arte.
Sócrates deixa claro ao amigo o quão imprudente é confiar a sua alma, seu bem mais precioso, ao sofista sem nem saber o que é um sofista na