A distinção entre o normal e o patológico
Durkheim trata das regras relativas à distinção entre o normal e o patológico apontando a utilidade dessa distinção como possibilidade científica de direcionar condutas. É interessante anotar que:
Até 1830 a palavra inglesa normal mantinha como significado corrente o de ortogonal e é na década de 1820 que Auguste Comte (1791-1857) dá à palavra sua primeira conotação médica. Exprimia, assim, sua esperança de que as leis relativas ao estado normal do organismo seriam conhecidas e seria possível estudar a patologia comparada. Os usos do termo normal como o conheceram surge da intersecção do conhecimento sociológico e do médico. Ambos estavam imbuídos do mesmo interesse de medir, classificar e disciplinar os indivíduos de forma a que estes se conformassem à normalidade.
A analogia entre corpo e sociedade já havia sido realizada por Augusto Comte no início do século XIX e também por Rudolf Vurchov numa obra denominada Patologia Celular publicada em 1858 que associava a interação entre os cidadãos e o corpo político à idéia de organização celular, mas sem dúvida foi Durkheim que enunciou de forma mais clara a correspondência entre ciência social e ciências naturais. Com o intuito de diferenciar o normal e o patológico de modo que pudesse ser aplicado as ciências sociais, o autor acreditava que:
A dicotomia entre meios e fins pode, na opinião de Durkheim, ser resolvida pela aplicação de princípios semelhantes àqueles que determinam na biologia a distinção entre ‘normalidade’ e ‘patologia’. Durkheim reconhece que a identificação do patológico põe à sociologia problemas particularmente difíceis.
Para resolver o problema, inicia a análise apontando três aspectos da utilidade prática e teórica dessa distinção: a) o exame dos critérios correntemente utilizados; a procura pelas causas da normalidade dos fatos sociais e c) a aplicação das regras à quais casos, com atenção