A disputa ideológica da educação brasileira
A transição política do Império para República no final do século XIX se deu pela estrutura econômica da época. Como o capitalismo britânico via as relações escravistas como um impedimento para a revolução industrial, aos poucos os escravos foram substituídos por trabalhadores assalariados que eram os imigrantes europeus, estes vinham para o Brasil e necessitavam de trabalhar para ter acesso a terra, que se tornou propriedade privada com a Lei de 1850. Estes colonos estrangeiros passaram a reivindicar, entre outras coisas, escolas para suas proles. Neste contexto houve a criação de grupos escolares que eram públicos e laicos, mas, no entanto, prosseguiu elitista uma vez que ficaram excluídos dela, os ex-escravos e os brancos pobres.
Diante de um sistema educacional elitista e excludente surge, em outubro de 1924, a Associação Brasileira de Educação (ABE), que contava com todos aqueles que se interessavam pela educação, sendo eles, professores, jornalistas, políticos, escritores, cientistas e intelectuais da época e a sua discussão temática era, por exemplo, a criação de escolas normais. Os debates ideológicos da ABE aconteciam entre os liberais partidários e os intelectuais da Igreja Católica; os primeiros defendiam a escola pública e laica, enquanto a igreja lutava em favor do ensino religioso nas escolas públicas.
O momento de maior importância da ABE foi vivido na IV Conferência Nacional realizada em 1931, na cidade do Rio de Janeiro. De acordo com Ferreira Jr. (2010) “os dirigentes da entidade pretendiam influenciar, com o encontro dos educadores, a política pedagógica que a Revolução de 1930 implementaria. Desse modo, aprovou-se entre outras resoluções, a redação de uma declaração que sistematizava as posições da ABE acerca da educação nacional” (FERREIRA Jr., 2012, p. 70).
A esta redação chamou-se o “Manifesto de 1932” que definiu a educação como pública, com formação igual para todas as crianças de 7 a 15