A Dicotomia Universal da Língua
Uma boa forma de iniciar a análise do documentário “Língua – Vidas em Português” é observar que a língua portuguesa não é uma língua estática (na verdade, nenhuma língua é), mas que se transforma gradativa e continuamente devido a inúmeros fatores. A língua se transforma em função de seus falantes, do ambiente onde é falada e por outros componentes diversos desse ambiente.
A afirmação de uma língua envolve, principalmente, as peculiaridades de seus falantes. Algo que vai além de dominar o idioma, conhecer as ‘regras’ e aplicá-las veemente. É necessário considerar pontos fortes e de conceitos abrangentes e diversos como os sociais, políticos, econômicos e até religiosos.
Apesar da individualidade de cada região brasileira, essas peculiaridades nunca foram empecilho para que as pessoas se comunicassem. No entanto, em algumas partes do documentário, se não tivéssemos a legenda, seria necessário ouvir as expressões novamente para se entender a mensagem passada. Isso decorre da pluralidade existente na herança de uma língua por vários países, mas que ao longo do tempo foi modificada por sua população, tendo em vista a relação da mesma com sua cultura, sua religião, sua experiência, etc.
Nesse contexto da população, observamos a diferença de faixa etária dos entrevistados, os diferentes papéis que exercem na sociedade (religiosos, ambulantes, músicos, escritores, etc.), que nos proporciona uma visão ampla do multiculturalismo como influência para a língua falada, também.
A variedade, a diversidade é algo inerente ao processo de cada língua existente. O português brasileiro tem, notoriamente, uma pronúncia diversificada do português falado em outras regiões do mundo, exemplificando claramente que a língua é formada por variedades e sofre um processo dinâmico, onde os mecanismos da fala são particulares. Nesse sentido, é fácil concluir que nunca teremos uma fala homogênea do idioma quando observarmos o mesmo em distintas regiões.