A dialética marxista: uma leitura epistemológica (iray carone)
Introdução
Há algumas pistas e indicações no prefácio da primeira edição alemã de O Capital. bem como no posfácio da segunda edição alemã, que podem ser de extrema utilidade para a compreensão epistemológica do método dialético ou método de exposição tal tomo está objetivado no desenvolvimento da obra mencionada.
Pretendemos assinalar estas pistas a fim de empreender uma leitura do método de exposição no primeiro capítulo de O Capital, que trata da Mercadoria. Comecemos pelo prefácio da primeira edição alemã de 1867. Marx diz qual é o objeto de investigação da obra: ” O regime de produção capitalista e as relações de produção e de circulação que a ele correspondem” ou mais precisamente,“as leis naturais de produção capitalistas.., que operam e se impõe com férrea necessidade”.
O universo de pesquisa, tomado como ilustração, é o capitalismo inglês do século passado. O ponto de partida da investigação teórica é a Mercadoria, que corresponde ao capítulo primeiro de O Capital, exatamente o que oferece maior dificuldade à compreensão do leitor.
O método ou modo de tratar o objeto, segundo Marx, tem analogias com o método de proceder do biologista, ou melhor, do anatomista, bem como o método do físico. Mas não equivale a nenhum dos dois, por causa do objeto - as formas - econômicas. Marx fala em“análise” e “capacidade de abstração” como modos adequados de tratar cientificamente as formas econômicas, refratárias à observação direta ou observação indireta com ajuda de instrumentos, ou mesmo de experimentação. Vejamos a analogia com a maneira de proceder do biologista. O pressuposto da analogia é o de que a sociedade burguesa se assemelha a um organismo e a mercadoria equivale a uma célula ou forma elementar desse organismo.
Na analogia com os procedimentos adotados pelo físico na busca de leis que regulam os processos da natureza, Marx diz: “O fisico observa os processos da Natureza quando se