A Desumanização
Durante três anos, o autor viajou para a Islândia para, de uma maneira muito própria, crua e ao mesmo tempo poética criar um texto que tem a capacidade de fazer um livro com alma, vivo e pulsante, que nos faz sentir, ver e até cheirar.
Chega a ser um pouco mórbida e poética a maneira como nos é apresentada e abordada a espiritualidade de um lugar (Islândia) onde o sonho e o pesadelo se confundem.
Esta história é contada por Halla, uma menina diferente e especial que vive nos fiordes islandeses e nos conta o que sobra dela depois de perder a sua irmã gémea.
«Mais tarde, também eu arrancarei o coração do peito para o secar como um trapo e usar limpando apenas as coisas mais estúpidas.»
É impossível ficarmos indiferentes a Halla e à forma como se dá a evolução da sua aceitação em relação à morte da irmã Sigridur e do seu próprio filho. Podendo ser chocante o seu papel nesta obra, dada a sua idade, torna-se um desejo querer protegê-la, defendê-la e estimá-la, tornando a ligação altamente íntima.
“A minha mãe disse: fazes tudo assim, maldita, fazes tudo como se fosses um bicho. Vou gostar de te ver morta como um bicho também. E eu respondi: morra a senhora também, minha mãe."
No início custou-me um pouco habituar-me ao estilo de escrita do autor, com as suas frases constantemente curtas, mas percebi que servem para melhor sentirmos o que nos é transmitido.
Como é um livro que explora o significado da tristeza e da morte, faz-nos valorizar a experiência difícil e maravilhosa de se estar vivo.
É também um livro inspirador, uma profunda reflexão sobre o ser humano, o que somos e no que nos estamos a tornar, mas transmite também demasiada tristeza, repulsa, nenhuma esperança e que nos apresenta a pior parte da humanidade.
A Vida no Céu
Tudo começa com um desastre de proporções bíblicas, um diluvio que quase acaba com a humanidade. Os mais ricos, constroem enormes dirigíveis de acesso restrito e os pobres limitam-se a