A descoberta da infancia
A descoberta da infância
Hoje, dedicamos às crianças algumas características peculiares que as distinguem fundamentalmente de um adulto. Essa idéia de infância foi uma transformação social e histórica, e, segundo Philippe Ariès, surgiu apenas por volta do século XIII.
Às idades da vida também não era dado um significado especial. Durante a Idade Média, as pessoas não sabiam sua data de nascimento e as fases que atualmente separam nossa vida em infância, adolescência, puerilidade, etc. eram termos eruditos de tratados pseudocientíficos. A idade não fazia parte da identidade medieval.
“A vida era a continuidade inevitável, cíclica, uma continuidade inscrita na ordem geral e abstrata das coisas, mais do que na experiência real, pois poucos homens tinham o privilégio de percorrer todas as idades da vida naquelas épocas de grande mortalidade.” (Philippe Ariès, História Social da Criança e da Família, pág. 39)
É provável que a importância pessoal da noção de idade tenha se afirmado à medida que os reformadores religiosos e civis a impuseram nos documentos, começando pelas camadas mais instruídas da sociedade, por volta do século XVI. A partir de então, móveis, retratos, diários de família apresentavam datas importantes, inscrevendo a família em uma história a partir de sua cronologia.
Neste contexto, a infância não era uma categoria socialmente reconhecida. Mas os textos da Idade Média sobre o assunto são abundantes. Em um deles, Le grand propriétaire de toutes choses, a infância é colocada como a primeira idade, que começa quando a pessoa nasce e dura até os sete anos, e nessa idade aquilo que nasce é chamado de enfant, que quer dizer “aquele que não fala”, pois nessa idade a pessoa não pode falar bem nem formar perfeitamente suas palavras porque os dentes não são bem ordenados e firmes. As idades da vida se popularizaram na iconografia. Sobretudo no séc. XIV até o século XVIII. Elas não