A democracia absolutista da Turquia
A situação política do Oriente Médio sempre foi controversa, no entanto, nos últimos anos tem tomado caminhos ainda mais complexos. O modelo de governo democrático na Turquia sempre foi apresentado como exemplo às demais nações daquela região. No entanto, este modelo é falso, afirma o historiador Soner Cagaptay, apontando que o Partido da Justiça e do Desenvolvimento, que chegou ao poder há uma década, aceitou as regras da democracia apenas para eliminá-las, impondo o controle sobre os tribunais e a imprensa.
Ao analisarmos essa situação, podemos relacioná-las as premissas de Nicolau Maquiavel, quando o escritor discorre sobre os limites sociais das variadas formadas de governo. Essa conexão existente, no entanto, vem de encontro ao entendimento do escritor, segundo o qual a forma ideal de governo seria a república fundada sobre a justiça, defendida pelos seus cidadãos e regida pela boa lei. Do ponto de vista dele sobre boa lei, virtude cívica e o real sentido da república, a Turquia inicialmente pôde até desfrutar de uma forma democrática de governo, mas o controle estatal sobre os tribunais, a imprensa e as instituições, a mergulhou em um regime de governo absolutista. Regime este que mais uma vez contraria Maquiavel, ao trazer a religião e a cultura como fator principal de controle popular, utilizando-se ainda destes mesmos princípios para se manter no poder.
Se a situação turca já é contraria ao que preconiza Maquiavel, o que dizer quando a analisamos a luz dos princípios políticos de Montesquieu, segundo o qual o despotismo representa a forma extrema de pior governo possível. Para o escritor francês cada forma de governo possui um princípio político, uma mola propulsora que o impulsiona. Na democracia a mola é a virtude cívica, a mola da república aristocrática seria a moderação, o monarca, por sua vez, seria impulsionado pela honra e por fim a mola propulsora do despotismo seria o medo.
Assim como apresenta o