A deixis
Este trabalho é resultado de indagações, de natureza teórica, surgidas no decorrer de pesquisa sobre a dêixis. Constitui-se, portanto, uma reflexão – e não, um estudo de caso – sobre o fenômeno, implicando uma discussão acerca de como o ser humano se relaciona com o mundo ambiental através da linguagem.
1. Dêixis
De acordo com a Gramática Moderna da Língua Portuguesa “a dêixis é um fenómeno de referenciação dependente e constitutiva da enunciação”.
Dêixis, palavra que tem sua raiz etimológica (deiknimi) grega, remete à ideia demostração, ostensão, indicação ou indigitação cuja tradução do vocábulo grego para o latim significa “demonstrativo” acção de mostrar (MARTINS, 2000).
Segundo Moura, “díxis/dêixis (gr. mostração; indicação; exibição) “é o processo de indiciação e incorporação significativa, pela linguagem verbal, de elementos acessíveis pela sua proximidade e ou pela sua evidencia, nos contextos compartilhados pelo leitor e interlocutor”.
Conforme Fernanda Irene Fonseca, citada por Moura “considera a dêixis o modo como está gramaticalizada, nas línguas naturais, a dependência entre a linguagem e o contexto” – uma dependência “bilateral”, pois “se a linguagem é dependente do contexto, o contexto é também dependente da linguagem” (Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, 1996: 444).
A mesma autora estabelece e exemplifica uma tipologia da “dêixis” de acordo os seguintes termos:
O contexto compartilhado (perspectiva de Bullir):
a) Dêixis textual, a da presença daquilo que se aponta.
Exemplo: Sou eu o pai deste menino.
b) Dêixis textual, ou discursiva, marcada pelos dícticos anafóricos e catafóricos.
Exemplo: Tu não sabes o que queres e isso é o verdadeiro problema.
c) Dêixis transposta (ou projectada), que assenta numa situação imaginada pelo locutor e o interlocutor com base em dados comuns.
Exemplo: Na retunda da Boavista, estás a ver aquela casa verde, à direita, depois de saíres do Correio? É aí.
O contexto