A CULTURA OBJETIVA E A CULTURA SUBJETIVA NA MODERNIDADE
Simmel mostra que na Modernidade há uma discrepância grande no ritmo de crescimento da cultura objetiva, isto é, ligada aos objetos, e da cultura subjetiva, que diz respeito à cultura dos sujeitos. Enquanto a objetiva cresceu vertiginosamente, a subjetiva foi mais lenta e pode até ter regredido em certos aspectos.
O advento da Modernidade possibilitou avanços em diversos campos de conhecimento. Desta forma, houve um enorme desenvolvimento do espírito objetivado das coisas. Entretanto, Simmel (2005) aponta que a cultura dos indivíduos não acompanhou tal crescimento. Pelo contrário, o cultivo da personalidade e da natureza dos sujeitos foi sobreposto a autonomia própria das coisas:
[...] Comparando-se [...] com a situação de cem anos atrás, pode-se dizer, reservadas muitas exceções individuais – que as coisas que envolvem e preenchem objetivamente nossa vida, como aparelhos, meios de transporte, produtos da ciência, da técnica e da arte, são incrivelmente cultivadas, mas a cultura dos indivíduos, pelo menos nas classes altas, de maneira algumaprogrediu, em muitos casos até regrediu (SIMMEL, 2005, p. 43-44).
A causa deste fenômeno seria a divisão do trabalho e sua crescente especialização. Na modernidade os objetos ganham uma autonomia própria, gerando assim, uma preponderância destes sobre o sujeito. É como se os objetos passassem a existir por si, independentes dos homens. Isso caracterizaria a Tragédia Moderna, a falta de controle dos seres humanos sobre os objetos criados,
Os objetos da cultura tendem cada vez mais a um mundo coerente em si, que se liga a um número cada vez menor de pontos na alma subjetiva, com sua vontade e sentimento. [...] os objetos materiais e espirituais movem-se agora autonomamente, sem o recurso de um portador ou transportador pessoal. Coisas e homens estão separados (SIMMEL, 2005, p. 61).
A origem desta alienação situa-se na divisão do trabalho, e está relacionada com a dinâmica