A crônica Quatrocentista e hoje
Pedro Paulo Pereira
RESUMO
INTRODUÇÃO “Do grego chronikós, relativo a tempo (chrónos), pelo latim chronica, o vocábulo “crônica” designava, no inicio da era cristã, uma lista ou relação de acontecimentos ordenados segundo a marcha do tempo, isto é, em sequência cronológica. Situada entre os anais e a história, limitava-se a registrar os eventos sem aprofundar-lhes as causas ou tentar interpretá-los. Em tal acepção, a crônica atingiu o ápice depois do século XII, graças a Froissart, na França, Geoffrey of Monmouth, na Inglaterra, Fernão Lopes, em Portugal, Alfinso X, na Espanha, quando se aproximou estreitamente da historiografia, não sem ostentar traços de ficção literária. A partir da Renascença, o termo ‘crônica’ cedeu vez a ‘história’, finalizando, por conseguinte, o seu milenar sincretismo.” (Massaud Moisés, 2003, p. 101)
Portugal surge como nação no século XII e as primeiras obras literárias em prosa (séculos XII e XIII) são obras narrativas em que predomina a ficção: as novelas de cavalaria, as hagiografias (biografias de santos e mártires católicos), os nobiliários ou livros de linhagem biografia de nobres, com destaque para, sua árvore genealógica, o conjunto de títulos e de bens que possuem e os cronições, narrativas de fatos históricos em ordem cronológica com a presença de vários fatos fictícios. Logo após esse período surge, espremido, entre a Idade Média (476 DC) e a Idade Moderna (1453 a 17890), o Humanismo, que é um momento de transição que surge, apresentando, características de duas eras. Convivem, ainda, o teocentrismo e o antropocentrismo. Contemporâneo da Expansão Marítima em Portugal e do Renascimento no resto da Europa, esse período literário demonstra uma preocupação marcante em analisar o Homem e a sua sociedade de forma crítica e consciente. No período do Humanismo, século XV (1434 - 1527), também denominado Quatrocentismo ou Pré-Renascentismo, há