A crise economica
1985.
A CRISE ECONÔMICA MUNDIAL: CAUSAS E IMPLICAÇÕES*
Anwar Shaikh **
Introdução o mundo capitalista desenvolvido ingressou numa fase de crise que já se prolonga por mais de uma década. Ela se manifestou primeiro nos países com capitais relativamente menos desenvolvidos, como a Inglaterra, e um pouco mais tarde naqueles com capitais relativamente avançados, como a Alemanha Ocidental. Os Estados Unidos foram apanhados exatamente no meio da fase de crise, enquanto o Japão, obviamente, foi virtualmente o último a sentir os efeitos da mesma. Por que razão o sistema ingressa periodicamente nessas fases convulsivas? Por que agora, após 40 anos de prosperidade no mundo capitalista desenvolvido? E, acima de tudo, quais as impHcações para o quadro econômico e político da próxima década? Essas são questões que se encontram no centro das preocupações deste trabalho, e cuja resposta, conforme veremos, se localiza na própria natureza da perseguição do lucro. A crise global é fundamentalmente uma crise de lucratividade, resultado de um mecanismo que está embutido no próprio crescimento capitalista. Aquilo que é verdade para o mundo é, neste caso, verdade também para os Estados Unidos. A crise do capitalismo americano decorre primordialmente de um declínio geral na lucratividade e apenas secundariamente de uma eventual defasagem da produtividade nos Estados Unidos em relação a seus competidores mais avançados, como Japão e Alemanha Ocidental. A evidência empírica, conforme será mostrado, fornece uma base sólida ao argumento desenvolvido acima. Mais fundamental, no entanto, é o fato de que a análise que desenvolveremos a seguir apresenta importantes impHcações do ponto de vista das táticas e estratégias a serem seguidas nas diversas lutas que devem-se colocar ao longo da próxima década. Mesmo em seus momentos de maior prosperidade, existem limites estreitos à possibilidade de se transformar o capitahsmo através de reformas, assim