A crise dos eua
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RICHARD McGREGOR
DO "FINANCIAL TIMES"
Perto do fim de sua reunião com parlamentares na quarta-feira, Barack Obama falou em tom áspero com Eric Cantor, o líder da maioria na Câmara que vem encabeçando a posição republicana de linha dura contrária a quaisquer aumentos de receita nas discussões sobre a dívida nacional.
"Cheguei ao meu limite", disse o presidente, antes de levantar-se abruptamente e deixar a reunião, segundo relato feito pelo gabinete de Cantor. "Isto pode derrubar minha Presidência, mas não vou ceder nesta questão."
O presidente ganhou seu apelido de "no-drama Obama" (Obama sem drama) graças a sua campanha brutal para conquistar a Presidência, em 2008, e ao fato de vir administrando crises no cargo desde então. Mas sua calma foi esticada ao limite nas extremamente tensas negociações sobre o orçamento.
Uma elevação do teto de empréstimos do país é vital para pagar os juros das dívidas e manter o governo federal em operação. Se as negociações fracassarem, os EUA podem dar um calote -- um evento sísmico que prejudicaria ainda mais a recuperação trôpega do país e semearia o medo em uma economia global já assustada com os problemas de dívida da Europa. Se democratas e republicanos não conseguirem chegar a um acordo, isso também será um símbolo inconfundível de como um sistema político doméstico cada vez mais disfuncional não consegue mais administrar as divergências partidárias.
Para um mundo que ainda espera liderança econômica, política e diplomática dos Estados Unidos, seria um momento muito grave. "Perguntar com que cara poderia ficar a economia americana após um possível calote do Tesouro dos EUA é como perguntar 'o que você vai fazer depois de cometer suicídio?'", diz Steven Wieting, um analista do Citigroup.
Operadores influentes nos mercados financeiros já definiram os limites do que pode ser suportado; a agência de classificações Moody's ameaçou rebaixar a classificação de crédito dos EUA