A crise da soberania

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4. A CRISE DE SOBERANIA

O monarca na civilização micênica centralizava todo o poder, era senhor absoluto e tomava todas as decisões do reino, dominando-o em todos os âmbitos. Com a invasão dórica o anáx não tem mais poder de controle, de harmonizar a vida dos aqueus com o serviço dos escribas e demais funcionários da realeza. Agora, em tempos homéricos, há lado a lado duas forças opostas. A primeira é a aristocracia guerreira, cujas famílias mais ricas possuem terra e monopólios religiosos. A segunda é as comunidades rurais, formada por agricultores e pastores. O conflito violento entre essas duas forças possibilitará a alvorada de um momento de desorganização, de reflexão moral e de especulações políticas. Isso vai determinar um primeiro modo de “sabedoria” humana; bem longínquo, desde o princípio, da concepção aquéia do anáx absoluto.

Tais especulações políticas terão a condição de debate de oratória (agón), choque de argumentos em praça pública (ágora). Vai caracterizar a rivalidade relações de igualdade e ela não existirá se não for entre iguais. Coopera para uma noção diferente de poder essa nova maneira de pensar da aristocracia guerreira da Grécia. Pode-se falar de um espírito de igualdade, diferentemente do estado de submissão própria do sistema palaciano. Não tem por objeto a phisis esse primeiro modo de “sabedoria” humana, o mundo dos homens, contudo. Interroga que forças o dividem contra si mesmo, Como harmonizá-las e unificá-las para que de seu conflito surja a ordem humana e da cidade, e que elementos o compõem. Transformações sociais como modificações na língua, no vocabulário são importantes para esse novo pensamento. O vocabulário dos postos, títulos, funções militares some quase por completo. A metalurgia do ferro sucede à do bronze, a decoração da cerâmica excluem os elementos da tradição mítica anterior. Do passado separado do presente, do mundo dos vivos separado do mundo dos mortos toma consciência o homem. O significado de

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