A CRISE DA CRIMEIA
É possível dizer, não sabemos como, mas um novo mundo nos espera.
José Luiz Fiori, no seu livro O poder global e a nova geopolítica das nações, sugere que há um novo mundo à nossa espera. Diz o autor: há um mundo em vertiginosas transformações que espera a nossa leitura, ou decodificação, pois as leituras tradicionais se tornaram anacrônicas ou mesmo obsoletas.
A lógica do autor se insere na trajetória de uma verdadeira revolução que vem se operando nas leituras da economia global, da geopolítica e das políticas regionais em dimensão internacional. Essa revolução coloca a política no centro da ordenação do mundo, e lê desse ponto de vista toda a formação da sociedade capitalista contemporânea, desde a Idade Média.
Não temos dúvida disso, mas essa constatação abarca um macrocosmo impossível de ser trabalhado nesse momento, estamos agora ligado na mais recente crise política e geopolítica que preocupa o mundo.
A crise gerada pela anexação Criméia à Rússia, por decisão de sua população em plebiscito.
Afinal a Criméia é da Ucrânia ou da Rússia? Eis a questão
Será que poderemos chegar a uma resposta que contemple as diferentes opiniões sobre essa crise?
Aproveitando ainda, essa reflexão inicial, invoco também as sábias palavras do estudioso russo, Moshe Lewin, em um artigo seu de alguns anos atrás.
“Inicialmente dois equívocos, que devem ser dissipados de saída da discussão, pelo fato de obscurecerem constantemente qualquer reflexão sobre a ex-União Soviética.
O primeiro consiste em entender o anticomunismo como uma análise da
URSS, e o segundo, em "stalinizar" a totalidade do fenômeno, que não teria passado de um "gulag" do princípio ao fim.
Temos segurança hoje que o anticomunismo e a satanização da União
Soviética não resulta da pesquisa científica: é uma ideologia que se tenta fazer passar por cientificidade. Não somente passa longe das realidades, mas, brandindo permanentemente a bandeira da democracia, consiste,