a criança idade media
por Eduardo Rodrigues da Silva
Sobre o autor*
Atualmente, a criança parece se situar como um sujeito que detêm seu espaço na sociedade, um indivíduo exigente, questionador, possuidor de mercado consumidor, leis, programas televisivos e ciências dedicadas a elas. Mas, a idéia de infância é extremamente moderna.
Num percurso histórico, percebe-se que o conceito de infância vem sofrendo modificações. Corazza[1] apud Oliveira sinaliza que “(...) as crianças estão ausentes na história no período que compreende a Antiguidade até a Idade Média por não existir este objeto discursivo que chamamos ‘infância’, nem esta figura social e cultural ‘criança’.” [2]
O historiador Áries complementa:
(...) o sentimento da infância não existia - o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia.[3]
De acordo com Áries, as crianças eram vistas nos séculos XIV, XV e XVI como um adulto em miniatura. O tratamento social dispensado a criança era igual ao de adultos, ou seja, sinônimos. Ser criança era um período breve da vida, pois logo se misturavam aos mais velhos. Elas participavam de todos os assuntos da sociedade, adquiriam o conhecimento pela convivência social.
Adultos, jovens e crianças se misturavam em toda atividade social, ou seja, nos divertimentos, no exercício das profissões e tarefas diárias, no domínio das armas, nas festas, cultos e rituais. O cerimonial dessas celebrações não fazia muita questão em distinguir claramente as crianças dos jovens e estes dos adultos. Até porque esses grupos sociais estavam pouco claro em suas diferenciações. [4]
Nesse aspecto, o serviço doméstico se confundia com a aprendizagem consistindo em uma forma de