A CPMF DOS MALES NÃO É O MENOR
Carta do IBRE
Maio 2011
A CPMF dos males não é o menor
A economia não é, definitivamente, a ciência
dir os programas sociais mais eficientes e
dos cenários ideais, mas sim a dos melhores
baratos, como o Bolsa Família. Por outro
cenários possíveis dentro de determinadas
lado, eles tendem a ser menos favoráveis à
circunstâncias, que nem sempre são as mais
política dos últimos anos de aumentos reais
favoráveis sob a ótica de promoção do cres-
do salário mínimo, cuja reconhecida eficá-
cimento do PIB. Como é bem sabido, fazer
cia distributiva depende de enormes gastos
crescer a economia é o graal que move nove
fiscais. A ideia é que, com a política social
entre dez economistas. No dia a dia, porém,
mais focada e afiada, utilizando-se progra-
os arranjos político-institucionais levam a es-
mas de melhor relação custo-benefício, seria
colhas que nem sempre correspondem ao que
possível aumentar o crescimento potencial
o economista mediano consideraria como as
sem prejudicar a guerra à desigualdade e à
melhores opções, já que, muitas vezes, a busca
pobreza.
do crescimento econômico não é o objetivo almejado. Esse último roteiro, porém, simplesmente não faz parte do cardápio que, no atual
No caso brasileiro, o aumento de carga
momento histórico, é oferecido à sociedade
tributária desde a década de 1990 distribuiu
brasileira pelas forças políticas mais rele-
benesses estatais e pode ter contribuído para
vantes. Sempre é útil bater na tecla de que
reduzir a desigualdade nacional. O problema,
acelerar o crescimento, com equidade e sem
porém, é que o crescente peso dos tributos
aumento da carga tributária, é tecnicamen-
tem sido um freio ao crescimento potencial
te possível. Uma vez bem estabelecido esse
do país.
ponto, porém, é hora de virar a página e
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Economistas nem de longe são indiferentes
analisar qual o melhor caminho dentro das