A corrosão do caráter - resenha crítica
Deriva
O novo capitalismo se caracteriza pelo uso intensivo de alta tecnologia, extremo dinamismo e quebra de padrões antigos, com isso tanto as empresas quanto os trabalhadores autônomos se veem forçados a se submeter aos horários de seus clientes, fazendo com que percam o controle de seu tempo, deixando a vida emocional em segundo plano. Está ficando cada vez mais difícil ter um emprego estável e uma relação duradoura e de confiança com a empresa, já que os funcionários são negociáveis e portanto não confiam na organização, vivemos numa sociedade de relações de curto prazo.
Nesse ambiente, os empregados não são mais avaliados pelo seu desempenho nas funções do cargo, mas sim pelo “projeto” único que executaram, e sendo esse de curto prazo, a avaliação do indivíduo fica prejudicada, pois ele não conhece suficientemente a cultura da empresa para saber com exatidão como deve desempenhar suas tarefas. Na vida pessoal o desempenho do indivíduo também fica prejudicado pois ele está submetido aos horários do cliente, mesmo que contrato estejam estabelecidas regras e horários, isso não é inteiramente aplicado na prática.
Rotina A rotina é vista de duas maneiras: para o filósofo e escritor francês Denis Diderot, ela é similar a qualquer outra forma de treinamento e aprendizado, Diderot argumentava que a rotina evolui constantemente e com ela se aprende a aperfeiçoar e modelar a tarefa, assim criando novas práticas. Adam Smith a descreve de maneira negativa, diz que ela “embrutece o espírito”, é algo destrutivo e degradante não deixando espaço para a mudança. Atualmente a sociedade está do lado de Smith, no capitalismo moderno a rotina é a de constante incerteza e instabilidade no emprego sendo tanto ou mais destrutiva quanto a rotina “convencional”.
Nessa inconstância, não há como fazer uma mensuração adequada da atuação dos empregados em uma empresa, já que a rotatividade é muito alta, o tempo de permanência das pessoas