A cor da carência
A cor da carência
Como se pode definir quão justa é a questão das cotas públicas? De um lado, a fatia da população que menos tem acesso a um ensino de qualidade – ou possui alguma deficiência –, e que por direito, mereceria seu lugar na universidade. Mas de outro, aqueles que se tornam universitários não pela condição social, e sim pelo mérito, não concordando com as cotas. E quando se diz mérito, não especifica-se o ensino dado ao aluno, pois que qualquer um é digno de uma vaga caso estude. Isso sem falar daqueles cidadãos que se aproveitam das cotas, e mesmo não tendo uma situação financeira desfavorável, se fazem cotistas por alegarem serem pardos, negros, amarelos ou qualquer outra cor que os favoreçam a entrar na universidade. Na verdade, o que era para ser uma inclusão social, acaba, por fim, por excluir. Não é tão raro que alguém que tenha conquistado uma ótima nota para entrar em determinado curso universitário, perca sua vaga para um cotista, que, por qualquer motivo, tenha preferência. Salvo aqueles que possuem algum tipo de deficiência que lhe prejudicam a forma ou rapidez de aprendizado; por que qualquer um outro, que é totalmente capaz de estudar, precisa de uma cota? Defendem a política de cotas “porque permite que um grande contingente de pessoas das classes desfavorecidas ingresse na universidade" como diz o presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Marcelo Gavião. Mas não seria, afinal, dever e obrigação de nosso governo garantir a qualidade do ensino público? Agora, lembrando-se um ponto que quase sempre se esquece: a política de cotas não é de toda confiável. Por alegar ser negro, o aluno tem direito à cota. E quem irá dizer que ele é “menos negro” do que a média ou não é “negro o bastante” para ser cotista? Qual medida se pode usar dada a tamanha miscigenação de nosso país? Não há como. Isso é um prato cheio para quem deseja se beneficiar das cotas mesmo sem