A contrução consciente do homem Sarte
1324 palavras
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SARTRE utiliza as ideias de Dostoiévsky retiradas do romance Os irmãos Karamazov. a frase completa é “Se Deus não existe e a alma é mortal, tudo é permitido”. O clássico reflete os problemas da relação entre moral e religiãoImagem: Shutterstock
A base do Existencialismo prevê a liberdade sem limites, pois o homem não tem a quem recorrer na hora das decisões. Dostoiévski resumiu essa ideia da seguinte forma: “Se Deus não existisse, tudo seria permitido”
Além do ser Em-si, Sartre concebe a existência do ser especificamente humano, denominando-o ser Para-si, o ser da consciência. O Para-si traz consigo, desde sua origem, a liberdade. Por meio dela, o Para-si escapa de cristalizar-se numa condição de ser acabado e pleno, no mesmo instante em que se projeta no tempo, em direção ao futuro. Ao contrário do Em-si, o Para-si não é em plenitude e anseia a todo instante completar-se. Assim, por ser inacabado é que o Para-si é liberdade, pois necessita sempre escolher seu modo de ser. A liberdade do Para-si implica um comprometimento constante: só por meio de escolhas incondicionadas é que ele vai se construindo. Manifesta-se aí um caráter de absurdez inegável em relação à liberdade; é impossível não escolher, ou seja, não escolher significa uma escolha.
De acordo com Sartre, apesar de o homem ser uma liberdade que escolhe, não é possível escolher não ser livre. Com essa afirmação estamos diante da facticidade e da contingência da liberdade. Sartre denomina facticidade da liberdade “ao dado que ela tem-de-ser e iluminado pelo seu projeto”7. Os aspectos da condição humana que são independentes de nossas escolhas são manifestações da facticidade, tais como o lugar, o corpo, o passado, a posição social e a época histórica. Já o fato de não poder existir é a contingência da liberdade. Afinal, o que representa uma escolha diante de um mundo inerte, que nenhuma resistência nos oferece? Escolher o significado de qualquer coisa no mundo de um puro Em-si só importa