A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas.
A Pesquisa Científica Hoje. (Cap. 2 ). In: LAVILLE, Christian & DIONNE, Jean. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. [tradução Heloisa Monteiro e Francisco Settineri]. Porto Alegre: Artmed ; Belo Horizonte : Ed. da UFMG, 1999. pp.31-47.
A fase inicial de desenvolvimento das ciências humanas, entre o fim do século XIX e o começo do século XX, foi conduzida pela perspectiva positivista. Seguindo o modelo das ciências da natureza, o método positivista apregoava que todos os fatos sociais deveriam seguir a natureza precisa e científica.
Isto significa que, para os positivistas, os fatos deveriam ser observados assim como os fatos da natureza, sem ideias preconcebidas. Em seguida, para determinar suas causas, submetê-los à experimentação. Por fim, tomando uma medida precisa das modificações causadas pela experimentação, extrair as explicações gerais dos fatos e determinar as leis naturais que os regem.
O grau de complexidade das ciências humanas, a imprevisibilidade das ações do homem e outros fatores, levaram a uma progressiva exaustão do modelo positivista. Desde muito cedo, as limitações desse modelo se tornaram evidentes, assim como a sua inadequação ao objeto de estudo: o ser humano. Diferentemente de dois corpos químicos, que, quando submetidos à experimentação, reagem de uma maneira esperada, os seres humanos agem de forma imprevisível.
O envolvimento do pesquisador com os fatos humanos foi igualmente questionado pelos contrários ao modelo positivista. Os positivistas defendiam que o pesquisador deveria ser um observador objetivo, sem qualquer ideia preconcebida. No entanto, o pesquisador em ciências humanas é também um ator que influencia seu objeto de pesquisa. Diante dos fatos sociais, ele tem preferências, inclinações e interesses particulares que são considerados em seu sistema de valores.
O positivismo revelou-se, assim, rapidamente