A construção do espaço sagrado na cultura indígena

A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO SAGRADO NA CULTURA INDÍGENA Luiz Síveres[1] Edmilson Medeiros de Souza[2]

INTRODUÇÃO

A história da humanidade foi construída levando-se em consideração o espaço como um elemento intrínseco da cultura humana. Nos últimos séculos, porém, podem-se perceber diversas representações, tais como os espaços territoriais ou virtuais, espacialidades fixas ou em movimento, espaços profanos ou sagrados. O espaço, segundo Santos, “não pode ser estudado como se os objetos materiais que formam a paisagem trouxessem neles mesmos sua própria explicação” (2002, p.58). Entretanto, as suas formas, no campo específico da geografia física, deixam de ter exclusivamente uma funcionalidade, pois são cheias de simbolismos, de representatividade e de uma intencionalidade que as destinam, e impõem a ideia de um conteúdo de valor, numa realidade inexistente, que elas também não têm e que visam a uma aparência deformada dessas formas originais. Como interpretar corretamente o conceito de espaço? Segundo o autor é necessário descobrir e afastar todos os símbolos destinados a fazer “[...] sombra à nossa capacidade de apreensão da realidade. Isto quer dizer que não é suficiente tentar interpretar diretamente a paisagem nos seus movimentos, nem trabalhar exclusivamente levando em conta os elementos que a compõem” (SANTOS, 2002, p.59).

A idéia de que existem espaços sagrados e que pode existir um mundo no qual as imperfeições estarão ausentes, conduz o homem a suportar as dificuldades diárias. Segundo Rosendahl, “o homem não somente suporta as infelicidades da vida, como também é conduzido a imaginar realidades mais profundas, realidades autênticas do que aquelas que seus sentidos revelam” (1996, p.65). A definição de um lugar como sagrado reflete a percepção do grupo envolvido e, toda vez que as suas percepções, que variam de grupo para grupo, tendem a uma generalização, quanto aos princípios - a percepção