A construção da cidadania
A noção de cidadania nem sempre existiu como hoje é defendida. Durante o Império, a sociedade escravocrata excluía os escravos dos homens livres, tendo somente estes últimos, direitos políticos que ainda assim, acabavam sendo predominados por uns poucos escolhidos de uma casta histórica familiar. Apenas aquelas pessoas que possuíam certa renda teriam o direito de votar e ser votado. A Constituição de 1823 preconizava o ensino gratuito nas escolas e universidades, mas se abstinha sobre sua obrigatoriedade. (BOTO, 1999, p.2)
Supunha-se que apenas os filhos da elite econômica seriam capazes de desenvolver certas capacidades cognitivas ou de possuir certos talentos. Assim, aos filhos do povo, destinava-se as tarefas de menor importância econômica, cultural, detendo as informações imprescindíveis e as ferramentas de progresso e poder societal
Segundo Signorelli (2009), cidadania seria:
“O ato de o homem constituir-se como homem entre outros homens e como homem que, com os outros homens, constrói o mundo humano, material e simbólico em que subsiste. Ser cidadão é ser sujeito do processo histórico, em contraposição ao ser objeto, sobre o qual incide a ação do sujeito; é ser agente, produtor do espaço cultural em que deverá viver. Constitui-se como cidadão é assumir-se protagonista do processo histórico. Assim sendo, o cidadão não delega responsabilidades, não deixa parte de si para outrem.”
O cidadão participa ativamente de sua comunidade, ele luta pelo que acredita, ele defende uma sociedade democrática, uma sociedade igualitária, ele age, não apenas fala ou critica, ele participa, ele inventa, ele faz, ele muda, ele transforma.
Nesse sentido, refletir sobre a educação é sobretudo refletir sobre o homem, sobre o conceito de homem que está arraigado na sociedade. Sobre um homem que, como Paulo Freire descreve, é um homem dialético, isto é, um homem em construção, um homem que não está acabado, mas que se faz e se refaz buscando sempre