A constituição da sociedade em Giddens

A sustentação da ação humana através da rotina

Em sua obra “A constituição da sociedade”, o sociólogo britânico Anthony Giddens propõe uma teoria de estruturação, com a ambição de colocar em harmonia uma gama de teorias sociais.
O autor parte do princípio de que existe uma dualidade na estrutura social, padronizando as relações sociais no tempo e no espaço. Segundo o autor, existe uma ordenação recursiva de práticas sociais que implica no senso puro de rotina, ou seja, a vida perpassando pela ideia de repetitividade. Com isso, é compreendido que o ser humano age no mundo de forma intencional, acompanhado de uma reflexividade que legítima essas ações repetitivas no tempo e espaço. Ele é reflexivo por reproduzir o que é feito, como também no ato de produzir novas práticas.
No caso de encontros e reuniões, aflora o caráter de monitoração da ação, onde os indivíduos criam uma expectativa sobre os outros, no intuito de esperarem encontrar o mesmo sentido de rotina. As pessoas aprendem a viver em sociedade com a ideia de rotina. Esse senso de rotina e quebra de rotina (como final de semana) está diretamente ligada a ideia de confiabilidade sobre o outro. Esse outro se torna confiável na medida em que sabemos que cumpre com determinadas obrigações de forma rotineira em seu cotidiano. Logo, a ordem social existe porque está incorporada dessa forma, pela rotina. Uma expectativa pelo outro.
Os aspectos de socialização e as experiências dos agentes na teoria de estruturação passam pela consciência discursiva e consciência prática. O agente “eu” está vivo em todos os seres humanos, justamente por terem uma trajetória específica própria onde conduzem suas vidas de forma rotineira e organizando ações. Como dito anteriormente, por serem reflexivos, produzem e reproduzem novas práticas, logo detém características criativas. Nesse contexto, o agente só é inovador porque conhece de fato sua rotina prática. Conhece os mecanismos para improvisar, se necessário.
Para Giddens,