A CONDIÇÃO DA CRIANÇA ANTES DE 1760
Ariès concluiu que, a partir do início do século XVII, os adultos modificam sua concepção da infância e lhe concedem uma atenção nova, que não lhe manifestavam antes. Essa atenção dada à criança, porém, não significa ainda que se lhe reconheça um lugar tão privilegiado na família que faça dela seu centro.
Em 1972, cristalizou-se novas idéias e deu um verdadeiro impulso inicial à família moderna, isto é a família fundada do amor materno.
Constatamos que, na realidade, a criança tem pouca importância na família, constituindo um verdadeiro transtorno. Na melhor das hipóteses, ela tem uma posição insignificante. Na pior, amedronta.
A CRIANÇA AMEDRONTA
Ainda em pleno século XVII, a filosofia e a teologia manifestam verdadeiro medo da infância. Velhas reminiscências, mas também novas teorias corroboram essa representação terrível.
Durante longos séculos, a teologia cristã, na pessoa de Santo Agostinho, elaborou uma imagem dramática da infância. Logo que nasce, a criança é símbolo da fora do mal.
Para Santo Agostinho, a infância é o mais forte testemunho de uma condenação lançada contra a totalidade dos homens, pois ela evidencia como a natureza humana corrompida se precipita para o mal.
A natureza é tão corrompida na criança que o trabalho de recuperação será penoso. Santo Agostinho justifica de antemão todas as ameaças, as varas e palmatórias.
O pensamento Agostiniano reinou por muito tempo na história da pedagogia. Constantemente retomado até o fim do século XVII, manteve, não importa o que se diga, uma atmosfera de dureza na família e nas novas escolas.
Carícias e ternuras são traduzidas por Vivès em termos de frouxidão e pecado. A ternura é moralmente culpável por duas razões: estraga a criança e a torna viciosa, ou melhor, acentua seu vício natural, em lugar de debelá-lo.
O texto volta-se não contra a amamentação em si, mas contra o aspecto voluptuoso. A amamentação poderia ser um prazer ilícito que a mãe se