a concep p relacional e situacional Cap
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Denys Couche
A Noção de Cultura nas Ciências Sociais.
Lisboa, Ed. Fim de Século, 2004 (2ª ed.)
VI
Cultura e Identidade
(p.135-153)
Tópicos analisados:
# As concepções objectivistas e subjectivistas da identidade cultural
# A concepção relacional e situacional
# A identidade, uma questão de Estado
# A identidade multidimensional
# As estratégias identitárias
# As "fronteiras" da identidade
Se o conceito de cultura conhece desde há algum tempo grande sucesso fora do círculo estreito das ciências sociais, há um outro termo, o de "identidade" — muitas vezes, de resto, associado ao primeiro — cujo uso se toma cada vez mais frequente, a tal ponto que certos analistas vêem nesse facto um efeito de moda
(Gallissot, 1987). Resta saber o que significa esta "moda" das identidades, de resto em grande parte estranha ao desenvolvimento da investigação científica, e sobretudo o que se entende por "identidade".
Hoje, as grandes interrogações sobre a identidade remetem muitas vezes para a questão da cultura. Pretende ver-se cultura em todo o lado e pretende encontrar-se identidade para todos. As crises culturais são denunciadas como crises de identidade. Deveremos situar o desenvolvimento desta problemática no quadro do enfraquecimento do modelo do Estado-nação, da extensão da integração política supranacional e, de uma certa forma, de mundialização da economia? De maneira mais precisa, a moda identitária recente é o prolongamento do fenómeno de exaltação da diferença que surgiu nos anos 70 e que foi obra de ambientes ideológicos muito diversos, quando não opostos, quer tenham procedido à apologia da sociedade multicultural, por um lado, ou, ao contrário, por outro, do "cada um no seu lugar próprio para continuar a ser ele próprio".
No entanto, se as noções de cultura e de identidade cultural têm, em grande parte, destinos associados, não podemos confundi-Ias pura e simplesmente.