A colonização portuguesa no Brasil
Marcelo Góes Tavares1 Vivemos em um país de proporções continentais, com grande diversidade cultural e profundas contradições sociais. Pensar o Brasil de hoje suscita uma ampla reflexão sobre a nossa formação sócio-cultural, política e econômica. É um exercício no qual a História possibilita, através da narrativa do passado, compreender e significar o nosso presente. Como explicar então nossa sociedade ? Revermos nossa historiografia é um importante ponto de partida para não somente a formação de nossa sociedade em seu passado, mas também as contradições de nosso presente. De todo modo, acho conveniente declarar uma preocupação nas intenções que se seguem a partir da análise desse texto: compreender a presença desse passado no nosso presente.
Para Sérgio Buarque de Holanda, qualquer tentativa de explicação que defina o a sociedade brasileira deve certamente buscar suas raízes históricas no período colonial, momento este que podemos identificar algumas bases sociais, políticas, culturais e econômicas do Brasil. Raymundo Faoro identifica a formação de nossa prática política e usos do poder na influência imposta pela estrutura administrativa de Portugal no Brasil. Essa estrutura, mesmo após a independência, foi utilizada pelas elites, configurando assim, um Estado a favor dos interesses das classes dominantes. Esse Estado foi e é um instrumento de dominação ou de convergência de formas de poder sobre nossa sociedade. Darcy Ribeiro, ao analisar nossa constituição sócio-cultural, atribui considerável importância à miscigenação imposta e praticada na colônia. O que ele identifica como povo brasileiro foi resultado do encontro traumático e ao mesmo tempo criativo entre portugueses dominadores, índios despatriados de sua terra, e negros utilizados como força de trabalho compulsório. O povo brasileiro é resultado de uma síntese de diferentes culturas. Em Gilberto Freyre e Diégues Jr., a base