A Colonialidade Do Saber No Ensino Da Hist Ria Uma Perspectiva P S Colonial E Intercultural H Lia Santos

14433 palavras 58 páginas
A Colonialidade do Saber no Ensino da História: uma perspectiva pós-colonial e intercultural

Hélia Santos
2005

O Cabo dos Trabalhos: Revista Electrónica dos Programas de Mestrado e
Doutoramento do CES/ FEUC/ FLUC, Nº 1, 2006. http://cabodostrabalhos.ces.uc.pt/n1/ensaios.php A Colonialidade do Saber no Ensino da História

1. Introdução
Enquanto projecto de sociedade, a Educação apresenta, geralmente, um cunho nacional com base na história, cultura, mitos, tradições nacionais e locais. O cunho nacional do currículo é, pode afirmar-se, inevitável. Contudo, quando a história do país se cruza com vários povos e culturas, como é o caso português, torna-se pertinente analisar até que ponto essa história mantém uma versão excludente dos envolvidos nesses processos de longa interacção desigual e opressora, continuando a silenciar as suas histórias e a sua versão da história e recorrendo a estereótipos e mitos do “brando e grandioso colonialismo”. Confirmando-se esta hipótese, a educação toma um tom nacionalista.
O silêncio sobre África nas sociedades ocidentais é gritante. Mas mais do que o silêncio, permanecem os estereótipos sobre a “Mãe África”, os mitos, as ideias preconcebidas, cuja difícil tarefa de desconstrução se complica, entre outros factores, pelo facto de sentimentos racistas e xenófobos permanecerem nas sociedades, impedindo que se afronte essas ideias fictícias. Além disso, o
“monopólio cultural” detido pelo Norte, com maior predominância da cultura norteamericana, diminui o conhecimento e, principalmente, a curiosidade sobre outras formas de estar, lançando um olhar enviesado por estereótipos e visões pouco informadas sobre essas outras realidades.
Esta situação, como mencionado antes, não se tem perpetuado apenas por motivos racistas ou pela imposição cultural do Norte, mas igualmente pela permanência de uma Educação eurocêntrica e de carácter nacionalista na maioria das sociedades ocidentais, que reproduzem um olhar “viciado” sobre África,
recorrendo

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