A CLASSE OPERARIA VAI AO PARAISO
O operário-padrão acredita que o trabalho duro pode lhe dar os meios para melhorar de vida. Por acreditar nisso, persegue as metas traçadas pelos patrões. Mas o dinheiro nunca é o bastante para satisfazer a todas as necessidades. De nada serve uma casa mobiliada, de nada serve a televisão. Aliás, se tivesse algum interesse em cultura, Lulu não teria tempo nem forças para dedicar-se à atividade de apreciar qualquer forma de arte ou literatura. Ou seja, em todos os sentidos, o trabalhador é um ser mutilado, um homem pela metade, esmagado e triturado diariamente pela rotina massacrante. Lulu gira em círculos com sua raiva, frustração, desânimo, sem saber como encontrar a solução para a existência autodestrutiva em que vive.
O operário Lulu Massa se encontra em sua casa cercado de objetos sem utilidade e sem valor, que depois de adquiridos não podem ser consumidos nem sequer revendidos, que dirigem a sua vida e dos quais não pode sequer usufruir. Na civilização burguesa é mais importante conservar os objetos do que satisfazer os seres humanos. Sob o capitalismo, o operário deve se contentar em vender a sua força de trabalho ao capitalista e adquirir em troca a possibilidade do consumo, sem o direito de questionar para que trabalhe e porque deve consumir o que lhe é oferecido. Para o capital, é indiferente a individualidade das pessoas de que se serve. Lulu encarna essa mentalidade quando não se interessa sequer pelo nome dos operários a quem dá treinamento. Só interessam ao capital como fonte de força de trabalho. O homem deixa de ser sujeito e de ter valor enquanto indivíduo,