A ciencia do concreto
Jádina Dias Santos
Antropologia III
UNIFAL – 2011/1
Levi-Strauss relata que muitos autores exploraram a questão da classificação de plantas e animais para pensar a incapacidade dos “primitivos” quanto aos nomes abstratos. Porém, percorrendo pelos estudos analisados, percebeu que os primeiros utilizavam-se dos mesmos com freqüência, tanto quanto os ditos civilizados. E ainda, que eram conhecedores de muitas espécies de plantas e animais, dos quais se utilizavam sistematicamente, contrariando a tese de que só conheciam o que lhes fosse útil. Muitos autores tentaram demonstrar que os selvagens eram inferiores aos civilizados intelectualmente. Ora, para Levi-Strauss, cada um vê o que lhe possa ser útil de maneira diferente - tanto o pensamento selvagem quanto o moderno, pensa e classifica não somente o que seja diretamente útil a cada um. Para ele, o conhecimento vinha antes da utilidade. Levi-Strauss mostra que o objetivo da classificação é uma necessidade intelectual e não de ordem prática, que o universo precisa de uma ordenação e que, para se pensar e relacionar as coisas, elas precisam ser agrupadas, ligadas, que essa necessidade de agrupar as coisas é uma necessidade do intelecto tanto do moderno quanto do primitivo, pois ambos podem conviver com a dúvida, porém nunca com a desordem. Segundo Levi-Strauss, o pensamento mágico não é um esboço da ciência e sim um sistema independente, que exige uma grande competência técnica. Sugere que ao invés de opor magia e ciência, o ideal seria colocá-las em paralelo por serem modos de conhecimento diferentes. O autor critica o pensamento funcionalista e utilitário de alguns autores, fazendo analogia do pensamento selvagem a uma bricolagem intelectual, onde elementos sem relação são unidos, formando um todo coerente, eliminando o caos e trazendo um princípio de ordem no universo. Para ele, a ciência do concreto é como uma bricolagem e a do abstrato