A Cidades
Como pensar a cidade?
“Inutilmente, magnânimo Kublai, tentarei descrever a cidade de Zaíra (...). Poderia falar de quantos degraus são feitos as ruas em forma de escada, da circunferência dos árticos dos pórticos, de quais lâminas de zinco são recobertos os tetos; mas sei que seria o mesmo que não dizer nada. A cidade não é feita disso, mas das relações entre as medidas de seu espaço e os acontecimentos do passado (...). A cidade se embebe como uma esponja dessa onda que reflui das recordações e se dilata. Uma descrição de Zaíra como é atualmente deveria conter todo o passado de Zaíra. Mas a cidade não conta seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras”. Ítalo Calvino, As cidades Invisíveis.
As cidades são uma criação humana. Produto histórico-geográfico em constante dinamismo, espaço sempre em construção, são fontes de inesgotáveis reflexões, debates, imagens, idéias. Podemos encontrar reflexões e interpretações sobre cidades na literatura, na poesia, no cinema, na música, enfim, na produção artística de modo geral. Assuntos relativos às cidades estão presentes também, cotidianamente, na mídia - no jornalismo, na publicidade, na ficção (as novelas, por exemplo) - cuja produção é capaz de criar imagens que, muitas vezes, substituem a visão direta dos homens, através da valorização ou omissão de aspectos. A mídia (e a TV, especialmente, dado o seu amplo alcance), pode contribuir, por exemplo, para a construção da idéia de cidade como lugar do consumo ou da violência (ALVES, 2005).
Na produção acadêmica, as cidades são objeto de estudo das mais variadas áreas do conhecimento, como a Geografia, História, Arquitetura, Sociologia, Antropologia.
Por que estudar as cidades?
O jornalista Roberto Pompeu de Toledo, no livro