a cidade
p. 16
“ o método de Kafka consiste, pois em suspender através da troca de etiquetas, os preconceitos ligados a etiquetas, possibilitando, com isso, julgamentos não preconcebidos [...] milhares de vezes o homem de nossos dias esbarra em aparelho cuja condição lhe é desconhecida e com os quais só pode manter relações ‘alienantes’, uma vez que a vinculação deles com o sistema de necessidades dos homens é infinitamente mediada: pois o estranhamento não é um truque do filósofo ou do escritor Kafka, mas um fenômeno do mundo moderno - só que o estranhamento, na vida cotidiana, é encoberto pelo hábito oco” p. 18
“em Kafka, o inquietante não são os objetos nem as ocorrências, mas o fato de que as criaturas reagem a eles descontraidamente, como se estivessem diante de objetos e acontecimentos normais” p.19
“trivialidade do grotesco”
“colocar o espantoso como algo despojado de espanto” p.20
“ para continuar vivendo, precisa identificar-se” p. 24
“ para Kafka só é existente o Eu condicionado e vinculado. Mas o que Kafka descrê não é tanto o existente, o mundo, com o qual o indivíduo co-existe, mas o fato de não pertencer, ou seja, o não-ser” p. 25 “esforço desesperado do não existente, para ser aceito pelo mundo” p.25
“o herói não pertence ao mundo” p. 27
“ uma vez que ele não participa dos prejuízos da sociedade, já está pré-julgado por ela antes mesmo de pertencer-lhe” p.31
“quem não sabe a que lugar pertence também não sabe a quem está obrigado” p.33
“ o ponteiro de segundos do desespero corre incessante e em alta velocidade no seu relógio, mas o dos minutos está quebrado e o das horas parado” p.39
“ se o texto dos seus romances prossegue, não é propriamente porque o herói leve avante a