A cidade e a Serra
José Maria Eça de Queirós nasceu na cidade portuguesa de Póvoa do Varzim no dia 25 de novembro de 1845. Filho de burguesia letrada, o pai era um alto magistrado. O escritor nasceu, no entanto, em circunstâncias pouco esclarecidas. Os pais casaram-se regularmente somente depois de quatro anos do nascimento da criança e o menino passou toda a infância na casa dos avós maternos.
Estudou leis em Coimbra, mas não participou da célebre Questão Coimbrã; escreveu alguns folhetins literários nesse tempo (Notas Marginais, na Gazeta de Portugal, o que lhe rendeu boa dose de escárnio por parte dos leitores, porque já se prenunciavam nele os traços críticos do Realismo-Naturalismo em pleno Romantismo; tais folhetins, mais tarde, foram retocados e acrescidos ao livro Prosas Bárbaras) e, depois de formado, transferiu-se para Lisboa, onde abriu um escritório de advocacia. Naquela ocasião torna-se também jornalista e, incentivado por Antero de Quental, lê Proudhon. Corre o ano de 1869 e Eça filia-se ao Cenáculo.
É como jornalista que irá cobrir a inauguração do Canal de Suez e desta viagem aparecerá posteriormente seu outro livro, O Egito, notas da viagem que fez àquela região. Com Ramalho Ortigão, publica no Diário de Notícias de Lisboa sua primeira tentativa ficcionista, mistura de novela policial e suspense: O Mistério da Estrada de Cintra. E é também com Ortigão que publicará uma série de artigos intitulados As Farpas, sátira à vida social e aos costumes burgueses.
Em 1871, participa das famosas Conferências do Cassino Lisbonense, introdutoras do Realismo português e é um dos palestrantes sobre o tema "O Realismo como nova expressão da Arte". Em 1872, depois de prestar concurso para diplomata, foi nomeado para Havana; entre 1874 e 1878 vai para a Inglaterra e termina seus dias em Paris, também como cônsul português naquela cidade.
Viveu sempre endividado, porque pouco sabia sobre administrar seu próprio dinheiro; teve quatro filhos, mulher amorosa