A Cidade e as Serras
1º Ciclo em Artes Performativas e Tecnologias
Ricardo Oliveira 8 de Outubro de 2013
Introdução
A temática do campo versus cidade é muito recorrente nas obras de Eça de Queirós, principalmente no romance que vou abordar neste trabalho, “A cidade e as Serras”. Na tradição da literatura ocidental, o gênero pastoral sempre tratou da oposição entre a vida tranquila e sábia do camponês e a vida urbana, cheia de agitação fútil. Para diferenciar o que ocorre no gênero pastoral e neste romance, é preciso entender os pressupostos daquela oposição. Por que seria a vida no campo mais “sábia” que a vida na cidade? O que acumulou Zé Fernandes após o contacto com a civilização? Que lados negativos podem existir na Cidade e no Campo? Procuro responder a essas mesmas questões neste trabalho de uma forma simples e fácil de compreender.
A Ilusão da Cidade e a Verdade do Campo
No início deste romance, Jacinto a personagem principal, nascido em Paris e originário de uma família de fidalgos portugueses, um homem inteligente e capaz que vivera do dinheiro herdado da família tem como maior preocupação defender o progresso, a civilização e a Cidade: “Acredita que não há senão a cidade, Zé Fernandes, não há senão a cidade!”. Ser civilizado para Jacinto era o caminho certo para ser feliz. Na Cidade existe uma maior acumulação de cultura, civilização e luxo. Zé Fernandes, amigo de Jacinto que vivera maior parte da sua vida no Campo, tinha acesso a mais de trinta mil volumes na Biblioteca de Jacinto, conheceu novas tecnologias, como o telefone, variadíssimos instrumentos de utilidades misteriosas, telégrafos, tinha acesso a jornais de Paris e de Londres, conhecera até o luxo das tapeçarias, sedas, damascos, os seis garfos de cada talher e até os medicamentos e formas rápidas de tratamento de doenças que não tinha