A cidade histórica
A CIDADE HISTÓRICA
1. O conceito de cidade
A cidade histórica na Europa, representando um modo específico de estrutura urbana, caracteriza-se pela capacidade e singularidade de um múltiplo emaranhado cultural. Este emaranhado, que age como um elemento central da sua identidade aglomeracional reflectida à estrutura física e à capacidade de acolhimento populacional, é também um núcleo de atracção turística que deriva, antes de mais, do seu longo trajecto histórico. Vem-me à ideia um exemplo singular da ideia de “cidade” e de “muralha”, que embora já tenha usado noutra ocasião, considero oportuno repetir aqui: o hieroglifo que tinha o significado de cidade no antigo Egipto, consiste numa cruz inscrita num circulo e quer dizer encruzilhada de caminhos protegida por uma cintura de muralhas. As muralhas levam-nos etimologicamente à palavra urbs em latim Eneas urbem designat arato, à palavra town em anglo-saxão e outras palavras de idêntico valor.
Aquela ideia de “ponto de encontro” ou encruzilhada de caminhos, levou, certamente à formação da instituição que em grego teria a designação de Fratria e de Cúria em latim, e que já trazia consigo a ideia de limite: um limite fortíssimo, criado pela religião e pelas leis da cidade, que eram únicas e irrepetíveis. O herói fundador e os deuses haviam fundado a cidade e nela tinham colocado a terra sagrada dos seus antepassados, terra que não podia ser ocupada por pessoas de outra cidade. Levantava-se, em torno da cidade, a mais forte, a mais alta, a mais duradoura e a mais inexpugnável das muralhas. Por isso, na Grécia e Roma antigas, não era concebível que os vencidos duma guerra entre duas cidades fossem integrados como cidadãos da cidade vencedora. Entre duas cidades próximas havia algo muito mais intransponível do que espaço montanhoso e caminhos agrestes: uma legião de limites sagrados, cujos cultos, oráculos e deuses mantinham uma realidade única, não assemelhável e não confundível. Para lá desta