A cicatriz de Ulisses - Fichamento
O homérico é caracterizado pela descrição modeladora, iluminação uniforme, ligação sem interstícios, locução livre, predominância do primeiro plano, univocidade, limitação quanto ao desenvolvimento histórico e quanto ao humanamente problemático; por outro lado, o estilo presente no Velho Testamento apresenta realce de certas partes em detrimento de outras, falta de conexão, efeito sugestivo tácito multiplicidade de planos, multivocidade e necessidade de interpretação, pretensão de universalidade histórica desenvolvimento da apresentação do devir histórico e profundamente problemático.
O não preenchimento total do presente cria interpolação que faz aumentar a tensão pelo retardamento. Essa é outra característica homérica, pois o autor não conhece segundos planos, narrando sempre o presente e preenchendo a cena e a consciência do leitor. Auerbach considera que a verdadeira causa da impressão do retardamento reside na necessidade de o estilo homérico em não deixar nada na penumbra ou inacabado.
Comparação do estilo homérico com o relato do sacrifício de Isaac, na tradução de King Jones, em que na introdução já inicia com o diálogo entre Deus e Abrãao. Em que pese o leitor saber que os interlocutores não se acham no mesmo lugar terreno . Nada é explicado, não sendo discutida a causa de Abrãao ter sido tentado ou as motivações de Deus. Outra incógnita é onde estaria Abrãao, já que a expressão “Eis-me aqui”, não indica o lugar real em que Abrãao se encontra, mas antes a sua posição moral em relação a Deus. Após a introdução a ordem é pronunciada, inicia-se a narração sobre a viagem, que, no entanto, não é preenchida por detalhes. Até a chegada ao local em que se consumaria o sacrifício, revela-se apenas a sua duração que é de três dias. Somente a meta do sacrifício é revelada não importando tanto a sua relação geográfica com outros lugares, mas sim a sua eleição realizada por Deus.
A oferenda de Abrãao faz surgir a tensão opressiva, que