a caverna
O próprio shopping center pode ser fisicamente comparado a uma caverna, mas a história vai além dessa comparação e traça paralelos inclusive com o mito da caverna de platão e a questão dos simulacros.
Em A caverna, Saramago recobra o mito de Platão para discutir o capitalismo em uma sociedade em que as pessoas tornaram-se apenas profissões, sombras.
Trecho[editar | editar código-fonte]
"A partir desse dia, Cipriano Algor só interrompeu o trabalho na olaria para comer e dormir. A sua pouca experiência das técnicas fê-lo desentender-se das proporções de gesso e água na fabricação dos tecelos, piorar tudo quando se equivocou nas quantidades de barro, água e desfloculante necessárias a uma mistura equilibrada da barbotina de enchimento, verter com excessiva rapidez a calda obtida, criando bolhas de ar no interior do molde."
A caverna é uma história de gente simples: um oleiro, um guarda, duas mulheres e um cão muito humano. Esses personagens circulam pelo Centro, um gigantesco monumento do consumo onde os moradores usam crachá, são vigiados por câmeras de vídeo e não podem abrir as janelas de casa.
É no Centro que trabalha o guarda Marçal. Era para o Centro que seu sogro, o oleiro Cipriano, vendia a louça de barro que fabricava artesanalmente na aldeota em que vive - agora, os clientes do Centro preferem pratos e jarros de plástico. Sem outro ofício na vida, Cipriano perde a razão de viver. E a convite do genro, muda-se para o Centro, essa verdadeira gruta onde milhares de pessoas se divertem, comem e trabalham sem verem a luz do sol e da lua.
Enquanto isso, embaixo dos diversos subsolos, os funcionários do Centro descobrem uma