A casa & a rua- resenha crítica
Roberto DaMatta. A casa & A Rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil-5ª EdRio de Janeiro: Roco, 1997. 159 páginas.
“Limpamos ritualmente a casa e sujamos a rua sem cerimônia ou pejo”
Roberto DaMatta, formado em História e com especialização em Antropologia Social pelo Museus Nacional e Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez doutorado na Universidade de Harvard; é um antropólogo social que pensa a sociedade brasileira e suas relações sociais, que assenta-se em um tripé reflexivo, “ de um ponto de vista da casa, da perspectiva da rua e do ângulo do outro mundo”. A sociedade pensada por DaMatta, é uma organização que faz e se refaz por meio de um conjunto complexo de relações sociais. A casa (privado) e rua (público) são categorias de suma importância para pensar a sociedade brasileira, mas essas duas categorias não denominam apenas espaços terrestres; antes de qualquer outra coisa, “entidades morais, esferas e ação social, províncias éticas dotadas de positividade, domínios culturais institucionalizados (...) capazes de despertar emoções, reações, leis, orações, musicas”. A rua é o movimento inverso da casa, enquanto na rua passamos a todo o tempo por indivíduos anônimos, desgarrados, “subcidadãos”, (aspas do autor), em casa somos “supercidadãos” temos o que chamamos de privacidade, o aconchego do lar; por isso nos comportamos de forma diferente no âmbito da casa. Varremos categoricamente o lixo de nossa calçada para a rua, com a certeza de que: o que acontece nela não nós nos diz respeito, é um problema das autoridades públicas.
“não somos efetivamente capazes de projetar a casa na rua de modo sistemático e coerente, a menos que criamos no espaço público o mesmo ambiente caseiro e familiar” (Roberto DaMatta, p20).(grifos meus)