A casa de ferro
É só andar pelas ruas e já dá para sentir: esta casa tem sentença de morte, ninguém a acode, é só vista grossa, o não estar nem aí das autoridades mente mouca, os políticos de pés e mãos amarrados quando se trata de cuidar do patrimônio histórico-cultural da cidade. É só passar e acumulam-se as barbaridades. Devia haver no Ministério Público um setor reservado à obrigatoriedade de preservação das construções que ainda podem ser salvas. Não cuidou, não preservou, multa neles. Acompanho a morte da capela Pombo e que providências são tomadas? A questão é que se fala, se escreve, torna-se a falar, a reclamar e bate tudo em ouvidos e corações moucos. Agora, quase se foi - à desgraça de maus elementos, ladrões certamente de encomenda, larápios que sabem muito bem o que surrupiar - aquela joiazinha, o belo casarão da ponta da pracinha Ferro de Engomar. Não sei quem me disse que foi construído e adornado juntamente com uma reforma do Teatro da Paz. Deve ser verdade. Os bons obreiros do teatro se esmeraram também no esplendor da casa. Se a informação procede não sei. Sei que ali morou a poeta das boas, a Annamaria Barbosa, colega de turma de Lindanor Celina, excelente romancista do Pará.
As duas estudavam na antiga Faculdade de Letras e Artes da UFPA e viveram esta história, segundo contou a querida e saudosa Elanir Gomes da Silva, a Lana doce, perene amiga, a quem é impossível esquecer. Anna e Linda davam trato à bola para dominar, memorizar as lições de grego, seus verbos, suas declinações, sua pronúncia, incumbência dura porque as exigências do curso de Letras UFPA eram muitas, os estudantes com rigorosos professores e muitas disciplinas. A faculdade funcionava quase ao lado da