A cartografia lírico-social
A cartografia lírico-social de Sentimento do Mundo
drummond
lúcio costa
O presente ensaio foi apresentado no Seminário Internacional “O
Mundo, Vasto Mundo de Drummond”, recentemente organizado por Antonio Carlos Secchin na
UFRJ, em homenagem ao centenário de nascimento do poeta. Tomo, como ponto de partida da análise, o que busquei demonstrar a propósito da indecisão políticoideológica do poeta em ensaio dedicado a Brejo das Almas (“Uma
Poética da Indecisão: Brejo das
Almas”, in Novos Estudos Cebrap,
n. 57, São Paulo, jul./2000, pp.37-58). Além disso, é importante informar que o ensaio aqui publicado, embora na maior parte inédito, incorpora, quase na íntegra, um outro estudo menor
(“Figurações do Trabalho em Sentimento do Mundo (1940)”, in
Remate de Males, n. 20, Campinas, IEL/Unicamp, 2000, pp.133-47), além de alguns comentários do livro intitulado Drummond: da Rosa do Povo à Rosa das Trevas (São Paulo, Ateliê Editorial/Anpoll, 2001).
D
VAGNER CAMILO
VAGNER CAMILO é professor de Literatura
Brasileira da USP e autor de Drummond: da Rosa do
Povo à Rosa das Trevas
(Ateliê Editorial/Anpoll).
Non sono mai stato tanto attacato alla vita.
(Ungaretti, “Veglia”)
S
e em Brejo das Almas (1934), frente à polarização
da intelectualidade nos anos 30 (1), ainda encontramos Drummond aprisionado no atoleiro da indeci-
são – dramatizando, inclusive, muito dessa posição incômoda em
vários momentos do livro –, os seis anos seguintes parecem ter sido decisivos no sentido da opção ideológica. Isso porque, com
1 Ver a respeito: Antonio
Candido, “A Revolução de 30 e a Cultura”, in A Educação pela Noite, São Paulo, Ática,
1987.
2 Otto M. Carpeaux, “Fragmento sobre Carlos Drummond de
Andrade”, in Sônia Brayner
(org.), Carlos Drummond de
Andrade, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira (Coleção Fortuna Crítica), 1978, p. 151.
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a publicação de Sentimento do Mundo em 1940, sabemos