A carne, de Júlio Ribeiro
A obra A carne, de Júlio Ribeiro, é um romance naturalista publicado em 1888 que aborda temas até então ignorados pela literatura da época, como divórcio, amor livre e um novo papel para a mulher na sociedade. O lançamento de A Carne, em 1888, fez grande sucesso e causou escândalo entre as famílias paulistanas tradicionais. As jovens eram proibidas de ler a obra e muitos pediam segredo ao comprar.
O romance por muito tempo lhe figurou de obsceno, mas o livro é mais do que um mero escândalo sexual. Foi um dos livros mais discutidos e populares do país, e ainda hoje são vendidas edições antigas (porém incompletas) da obra. A maior qualidade do romancista estava em sua disposição para chocar uma sociedade moralmente hipócrita .
A temática naturalista de Júlio Ribeiro explicita manifestações de desejo sexual, barbaridade, ninfomania, perversões, nudez e sexo. O olhar sobre o livro, enfim, sempre se dividiu entre a apreciação estética e o julgamento moral.
A personagem Lenita chocou a sociedade do final do século XIX, causando-lhe incômodo, que ainda via a mulher como ser passivo, devendo ser sempre inferior aos homens. A Carne recebeu vários predicativos à época, a maioria depreciativos, por causa de cenas carnais. Ademais, o espanto se deu não só por causa do erotismo da trama, mas também por causa de uma mulher independente, rica e inteligente – mesmo que esta estivesse atrás da máscara do sexo apresentado no romance, sendo difícil sua aceitação para o mundo de então; essa mulher de vanguarda foi vista pela negativamente deixando que os momentos eróticos e exóticos fossem o único ponto máximo do romance, encobrindo a importância da heroína ao contexto social brasileiro e mundial.
A cegueira da sociedade foi contaminada pelo tom “obsceno” do livro, e o mais importante foi esquecido: o surgimento de uma mulher independente. Todavia, mais tardar, as críticas de tom exageradamente leviano tão-somente ajudariam a promover a obra,