A cabeça bem feita
Prefácio
Carta a uma amiga – “O saber não nos torna melhores e nem mais felizes”– o que nos torna felizes e melhores são nossas experiências pessoais, o aprendizado com os erros que cometemos, momentos com pessoas queridas. O saber nos permite conhecer melhor certas coisas, construir e descobrir e como consequência pode nos trazer felicidade através de uma realização pessoal, porém o saber por si só não nos torna nem melhores e nem mais felizes, embora algumas pessoas se achem melhores que outras porque possuem um título ou status.
“Mas o início e o fim de toda ciência não estão envoltos em obscuridade?” – Nunca se sabe ao certo porque uma pesquisa foi iniciada ou pra qual fim ela foi realizada. Muitas vezes na história uma descoberta acontece para um determinado fim e acaba sendo utilizada para outro. Como já discutismo tudo que é realizado pelo homem acaba por ser tendêncioso. O objetivo da ciência é o esclarecimento e a construção, mas ela pode, com isso, gerar mais dúvidas e algumas vezes a destruição.
Edgar Morin conta que a ideia do livro começou com o pedido do Ministro da Educação da época Jack Lang de que Morin fizesse um Emílio contemporâneo. O Emílio, ou da educação, de Jean-Jacques Rousseau é uma obra que se refere na relação do indivíduo com a sociedade, particularmente explica como o indivíduo pode conservar sua bondade natural, enquanto participa de uma sociedade inevitavelmente corrupta. Nesta obra, Rousseau explica através da história de Emílio e seu tutor como se deve educar o cidadão ideal, como deve ser o sistema educativo que permita que o “homem natural” (Segundo Rousseau todo homem nasce bom e a sociedade o corrompe) conviva com a sociedade corrupta.
Morin começa seu projeto com o convite do Ministro Claude Allègre que pediu-o para presidir um “conselho científico” para refletir sobre a reforma dos saberes nos ginásios. O autor organizou algumas jornadas temáticas que permitiram demonstrar a viabilidade de suas ideias. Mas