A busca de Averróis
Dois termos, hoje comuns, eram desconhecidos para Averróis, eram eles: a tragédia e a comédia (encontrou-as anos atrás no livro da Retórica e nunca os percebeu). Ninguém no Islão sabia a definição exacta destes termos mas no entanto não podiam esquecer que estas definições existiam pois também estavam escritas no texto da Poética. Averróis querendo saber o que eram estas palavras que jamais ouvira falar foi em busca do conhecimento e viu meninos a brincarem “fingindo” ser ou imitando um almuadem que dizia “Não há outro deus além de Deus”, outro fazia de minarete e o último de joelhos de congregação aos infiéis (diagésis em vez de mimésis). É nítida a utilização da diagésis nesta brincadeira.
Diagésis é um conceito que diz respeito à dimensão da ficção da narrativa, ou seja, a diagése é a realidade própria da narrativa à parte da realidade de quem lê. É por assim dizer um “mundo ficcional”. A arte fundamental de contar histórias é a narrativa e não o drama.
Mimésis é a imitação de uma acção. Aristóteles define mimesis como a rejeição do mundo das ideias e a aceitação da arte como representação da humanidade.
Foi Aristóteles que, na Poética que Averróis estudou, diferencia mimésis de diagésis dizendo que “Diegesis não é a representação do real através da arte, mas a encenação, os atores que descrevem eventos e atuam. É na diegesis que o autor leva o espectador ou leitor diretamente a expressar livremente a sua criatividade, as suas fantasias e os seus sonhos, em contraste com a mimesis. Diegesis pode ser entendida ainda como “contar”, o autor narra a ação diretamente e descreve o que está na mente dos personagens, as suas emoções, enquanto a mimesis é vista como o “mostrar” e o que está a